Uma família ucraniana constituída por avó, filha e neto, que tinha sido acolhida no concelho de Baião, depois do início da guerra no seu país, regressou à Ucrânia.
Daria, Dima e Alla, que estiveram mais de um ano em Baião, regressaram a Kharkiv.
Na despedida, a família foi recebida nos Paços do Concelho pelo presidente da câmara, Paulo Pereira, e pelo vice-presidente, também responsável pelo pelouro dos Assuntos Sociais, Filipe Fonseca.
Paulo Pereira afirmou que “o acolhimento dos cidadãos ucranianos não foi apenas um esforço deste executivo e dos colaboradores municipais. A comunidade baionense, de uma forma geral, demonstrou todo o seu altruísmo e compaixão pela situação que estas pessoas vivem e foi inexcedível no apoio que lhes proporcionou”.
O autarca desejou, ainda, que “o conflito termine em breve para poderem viver em paz, pois bem merecem”.
Por seu lado, Filipe Fonseca, destacou “o apoio inexcedível da sociedade baionense e dos colaboradores da autarquia no que diz respeito ao apoio e acolhimento a estes cidadãos”.
O vereador responsável pelos Assuntos Sociais referiu, ainda, que “quando este conflito começou, tinha tomado posse há apenas quatro meses, no entanto, uma situação como esta, apesar de criar dificuldades e dúvidas, motivou-o de uma forma especial, uma vez que, conforme aconteceu na Ucrânia, podia acontecer em Portugal”.
“Fizemos de tudo para proporcionar o melhor acolhimento possível, procurando mitigar o sentimento provocado pela situação que se vive no seu país de origem”, acrescentou.
A família ucraniana fez questão de agradecer o acolhimento que receberam, convidaram para uma visita à Ucrânia quando a guerra acabar, e, de forma emocionada, leram uma missiva dirigida ao residente da Câmara e à comunidade baionense:
“
Prezado presidente Paulo Pereira,
Agradecemos muito a sua atitude para connosco: Daria, Dima e Alla que aceitou como sua família. Deram-nos tudo que precisávamos para a vida e ainda mais.
Chegamos no início da guerra no nosso país, assustados com bombardeamentos constantes, mísseis e aviões bombardeiros.
Estávamos assustados, confusos e sem entender o que nos esperava e o que deveríamos fazer a seguir.
Tivemos de deixar as nossas casas e as nossas famílias para salvar a nossa vida e desta criança.
A Ilda Borges, colaboradora da autarquia, deu-nos proteção e tudo que precisamos para a vida e, para sempre, lembraremos o seu cuidado e gentileza.
Sentimos sempre o seu apoio, carinho e amor, agradecemos muito e nunca a esqueceremos.
Você e o maravilhoso país de Portugal permanecerão nos nossos corações. Obrigado à equipa que trabalha consigo e ajuda refugiados de guerra como nós.
Cuidou de nós, apresentou-nos a baionenses maravilhosos, convidou-nos para vários eventos, mostrou-nos a deliciosa cozinha e tradições portuguesas, paisagens de natureza incríveis, o oceano, e a cidade indescritivelmente bela de Fátima.
De todo o coração gostaria de lhe dizer as mais sinceras palavras de agradecimento pela sua cordialidade e conforto.
Obrigado pelo calor da hospitalidade. Sentimo-nos em casa e a cordialidade e a sinceridade foram uma recompensa para nós. A vossa hospitalidade não tem limites.
É muito bom que existam pessoas tão maravilhosas e sinceras. Portugal é um país mágico e o paraíso na terra! E nós realmente gostamos de estar em Baião e dos baionenses. Obrigado.”
Alla, Daria e Dima
Desde o dia 24 de fevereiro de 2022 que o Município de Baião se disponibilizou para receber refugiados da guerra. Foram cerca de 30 que foram acolhidos em Baião.
Os refugiados tiveram direito a alojamento, bens de primeira necessidade, refeições confecionadas e bens para confeção própria, auxílio no acesso ao sistema nacional de saúde e a cuidados de saúde primários e na obtenção de toda a documentação para poderem beneficiar da Lei de Proteção Temporária de Pessoas Deslocadas, diálogo com os Agrupamentos de Escolas para a integração das crianças ucranianas no sistema educativo e articulação com o Instituto de Emprego e Formação Profissional e com o Instituto de Segurança Social para a inserção no mercado de trabalho e formação de turmas para aprendizagem do português e obtenção de subsídios.
Foram, ainda, criados canais de comunicação diretos com a autarquia, nomeadamente através de um telefone que estava disponível 24 horas por dia e um email especialmente direcionado para este assunto.