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O Comércio de Baião

2025/01/06

MOVIMENTO CONTRA TRASLADAÇÃO DE EÇA DE QUEIROZ CRITICA CÂMARA, GOVERNO E JOSÉ LUÍS CARNEIRO

Cultura Destaque

Durante a tarde do dia 5 de janeiro, teve lugar junto à entrada para Tormes, a manifestação “de indignação” do Movimento de Cidadãos Baionenses contra a trasladação dos restos mortais do escritor Eça de Queiroz.

Rodeado por apoiantes, António Fonseca, porta-voz do movimento de cidadãos que convocou o protesto, reiterou aos jornalistas que a população não se opõe às honras de Panteão Nacional atribuídas a Eça de Queiroz, mas discorda com a trasladação dos seus restos mortais, prevista para quarta-feira.

António Fonseca justificou a pouca aderência da população com o mau tempo e “com um medo muito forte de dar a cara num concelho dominado há 20 anos por um partido”.

Deixou criticas à ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, após a mesma ter manifestado a sua indiferença entre celebrar o legado de Eça de Queiroz em Baião ou em Lisboa.  “Para ela pode ser igual, para nós, baionenses, não. Eu achava que a senhora ministra da Cultura devia tratar dos problemas do seu ministério e deixar os problemas dos baionenses serem tratados pelos baionenses”, defendeu.

Explicou o porquê de o movimento ser contra a trasladação, defendendo os interesses do concelho. “Não compreendemos, como passados 36 anos da obra de Dona Maria da Graça, implementadora da Fundação Eça de Queiroz, e do esforço que ela fez para trazer os restos mortais do escritor para Baião, que estiveram 90 anos em Lisboa, o porquê de os levarem novamente para a capital. Só compreendemos que a nível cultural e a nível turístico, Santa Cruz do Douro, em particular, e o concelho de Baião, no geral, saem prejudicados”, referiu.

Desaprovou e culpou José Luís Carneiro, deputado à Assembleia da República pelo Partido Socialista e antigo presidente da Câmara de Baião, pela trasladação. “Diz-se que José Luís Carneiro foi o porta-voz da Fundação Eça de Queiroz e levou para a Assembleia da República uma proposta para a trasladação dos restos mortais do escritor para o Panteão Nacional. Não sei se foi bem assim, mas a verdade é que o fez sem consultar ninguém. Eu era presidente da União de Freguesias de Santa Cruz do Douro e São Tomé de Covelas e não fui consultado, os familiares diretos não foram consultados, ninguém foi consultado. Fomos todos apanhados de surpresa no dia em que a comunicação social deu conta da aprovação na Assembleia da República das Honras de Panteão e na trasladação dos restos mortais para Lisboa”, vincou.

Ainda sobre a trasladação, António Fonseca revela que o movimento de cidadãos ainda tem esperança que a decisão possa ser revertida. “Tentamos interpor uma segunda intervenção cautelar. Foi aprovada nesta última Assembleia de Freguesia uma nova proposta para conseguirmos essa intenção. Aprovada por maioria com os votos do PPD, PSD e CDS e com abstenção do PS. É uma proposta semelhante à última apresentada em setembro e que pretende a suspensão da trasladação. Esperemos que até quarta-feira, dia 8 de janeiro, a providencia seja aprovada pelo tribunal, revelou.

De notar que a primeira foi imposta pelos bisnetos do Eça de Queiroz e esta segunda pelo movimento de cidadãos contra a trasladação com apoio da Assembleia de Freguesia de Santa Cruz do Douro.

António Fonseca deixou também criticas a Paulo Pereira, presidente da Câmara de Baião, pela forma como atuou neste processo. “O presidente devia pedir desculpa a todos os baionenses por aquilo que se está a passar. Enquanto presidente da Câmara de Baião, no nosso ponto de vista, devia ser o primeiro guardião do património cultural do concelho”, disse.

A líder do PSD de Baião, Ana Raquel Azevedo, também se associou à manifestação, enquanto “cidadã baionense”, como indicou aos jornalistas.

“Hoje é um dia agridoce para os baionenses”, começou por referir, explicando ser favorável às honras de Panteão Nacional, mas contra a trasladação.

Considerou, nesta decisão da trasladação, estar na presença de “uma grande dose de centralismo” e defendeu aos jornalistas que “é aqui, em Baião, que existe uma porta aberta para aqueles que querem conhecer melhor Eça de Queiroz. Fica a ideia que era menos digno o Eça repousar aqui”, exprimiu concluído que “é um problema estrutural do país. Parece que tudo o que trás reconhecimento deve estar em Lisboa. A Fundação Eça de Queiroz deveria ser o seu verdadeiro panteão. Mostrava uma forma diferente de olhar para o nosso concelho”, terminou.

Na manifestação participou o deputado do CHEGA à Assembleia da República, Raul Melo, residente em Baião, que se associou ao movimento de cidadãos e deixou criticas a José Luís Carneiro.

A urna contendo os restos mortais de Eça de Queiroz deixou a Fundação de Tormes ao fim do dia e seguiu para Lisboa, onde é expectável que, na próxima quarta-feira, sejam trasladados para o Panteão Nacional. Para esse dia está também agendada a cerimónia de entrega das Honras de Panteão.

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