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O Comércio de Baião

2025/06/23

ALUNOS DO AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE EIRIZ RECEBEM ‘MENÇÃO HONROSA’ NO CONCURSO NACIONAL “UMA AVENTURA… LITERÁRIA 2025”

Destaque

Leonor Monteiro e Samuel Costa, alunos do Agrupamento de Escolas de Eiriz – Baião, foram distinguidos com uma ‘Menção Honrosa’, na categoria de Texto Original, no Concurso Nacional “Uma Aventura… Literária 2025”.

A iniciativa, promovida pelas editoras Caminho e LeYa, visa estimular o gosto pela leitura e pela escrita criativa entre os jovens e reuniu mais de 10 mil trabalhos recebidos de todo o país.

Segundo Florbela Rocha, coordenadora da Biblioteca Escolar, os textos premiados surgiram no âmbito do concurso “Read On”, promovido pela Rede de Bibliotecas Escolares (RBE), que propunha como tema a cidadania e a interculturalidade. Apesar de não terem sido premiados nesse contexto, a professora decidiu submetê-los, pela sua qualidade, ao concurso “Uma Aventura… Literária”, na categoria de tema livre.

“Como o concurso da RBE também envolvia alunos do secundário, os primeiros prémios acabaram por ir, maioritariamente, para esse escalão. Mas avaliei os textos da Leonor e do Samuel como muito bons e resolvi submetê-los a este concurso nacional”, explicou.

Aluno do 7.ºB, Samuel Costa vê na escrita um verdadeiro hobby:

“Gosto de escrever desde pequeno. Treino bastante e também leio muito, o que ajuda. Gosto de participar nestas atividades para me testar”, disse.

No seu texto, Samuel retrata a amizade improvável entre Carolina, uma jovem de Lisboa, e Omar, um refugiado sírio. A narrativa acompanha a evolução da relação entre ambos, até ao momento em que um jantar multicultural transforma o bairro onde vivem numa comunidade unida pela diversidade.

“No início, a comunicação entre eles era difícil, mas com o tempo foram partilhando histórias e criaram uma ligação especial”, resumiu o jovem, que ambiciona seguir medicina. Quanto à reação dos amigos, diz que ficaram entusiasmados e motivados: “Ficaram contentes pela minha conquista e com aquela ideia de ‘para a próxima também vou’.”

Precisamente inspirada por uma amiga que venceu outro concurso literário, Leonor Monteiro, do 8.ºA, decidiu participar pela primeira vez numa atividade extracurricular — e com sucesso.

“Receber a notícia de que o meu texto tinha sido um dos melhores foi uma surpresa... mas ao mesmo tempo não tanto, porque eu achava que ia ganhar”, contou entre risos.

A história criada por Leonor desenrola-se num bairro multicultural, onde várias famílias de diferentes nacionalidades convivem em harmonia. A jovem destaca o humor como traço marcante da sua narrativa:

Um dia decidiram organizar um festival intercultural de gastronomia, convidando todo o bairro. Joãozinho, um grande traquinas, fez das suas e colocou piri-piri em todos os pratos, menos no da sua família… Depois de umas quantas peripécias, gatos no telhado e uns quantos litros de saquê bebidos de uma só vez, chegaram à conclusão que o piri-piri até aproxima as pessoas e devido ao sucesso do festival decidiram torna-lo numa tradição anual”, sintetizou a aluna, que ambiciona ser criminóloga, revelando que a sua família e os seus amigos ficaram também muito contentes pelo seu desempenho.

A conquista dos dois alunos junta-se a outras distinções nacionais arrecadadas este ano letivo pelo Agrupamento de Eiriz – Baião, fruto do trabalho contínuo da equipa da Biblioteca Escolar e do empenho dos alunos.

“Se nos limitarmos a divulgar os concursos com cartazes, os alunos não se envolvem tanto. Mas se formos de sala em sala, explicarmos os regulamentos e incentivarmos, os resultados são diferentes. Posso dizer que houve concursos em que recebi mais trabalhos do que aqueles que estava à espera, afirmou Florbela Rocha.

A colaboração com os professores também tem sido fundamental.

“O professor José Miguel Araújo, de Geografia, é um excelente exemplo. Tem uma boa relação com os alunos e acaba por ser uma influência positiva. Além disso, enquanto elemento da equipa da biblioteca escolar, é responsável por receber os textos dos alunos: sempre que os recebe, independentemente do dia e da hora, reencaminha logo para mim, o que facilita bastante a gestão e o cumprimento dos prazos”, acrescentou.

Apesar de ainda não saber se continuará na escola no próximo ano letivo, devido às regras de colocação docente, Florbela Rocha espera que os alunos continuem a participar nas atividades promovidas pela RBE: “Costumo dizer-lhes que o ‘não’ já está garantido. Têm é de ir à procura do ‘sim’. Estas atividades só lhes trazem benefícios.”, concluiu.

 

Texto Samuel:

Entre Dois Mundos

Carolina sempre viveu em Lisboa, mas desde pequena sentiu uma atração inexplicável por outras culturas. Fascinava-se com as histórias do avô, que tinha viajado pelo mundo como marinheiro e lhe contava sobre os lugares distantes que visitara.

Aos 26 anos, decidiu fazer voluntariado num centro de apoio a refugiados, onde conheceu Omar, um jovem sírio que fugira da guerra em busca de paz.

Ao início, a comunicação entre eles era difícil. Omar falava pouco português e Carolina só conhecia algumas palavras em árabe. Mas, com o tempo, aprenderam a comunicar com gestos, sorrisos e uma vontade genuína de compreender o outro. Omar contou-lhe sobre a sua infância em Damasco, sobre as noites quentes nas ruas movimentadas e sobre a dor de deixar para trás a família e a terra natal. Falou sobre o cheiro do pão fresco nas padarias da sua rua, sobre os sons do chamamento para a oração e sobre os sonhos que teve de abandonar para procurar um novo começo.

Carolina, por sua vez, mostrou-lhe Lisboa pelos seus olhos: os bairros antigos, as tascas escondidas, o cheiro do mar ao entardecer. Explicou-lhe o significado das festas populares, das ruas decoradas com fitas coloridas e do fado que ecoava pelas vielas.

Aos poucos, Omar começou a sentir- se parte daquele novo mundo, ainda que nunca esquecesse o que deixara para trás.

Certo dia, o centro organizou um jantar multicultural, onde cada pessoa devia cozinhar um prato típico do seu país. Omar decidiu fazer um prato tradicional sírio, mas teve dificuldade em encontrar alguns ingredientes. Os dois percorreram a cidade à procura do que precisavam e, juntos, conseguiram encher a sala de aromas desconhecidos para muitos com as suas iguarias. Enquanto cortavam vegetais e misturavam especiarias, Omar contou-lhe mais sobre a culinária da sua terra, e Carolina partilhou histórias sobre as receitas que aprendeu com a avó.

Naquela noite, enquanto as pessoas provavam diferentes sabores e partilhavam histórias, Omar percebeu que a sua identidade não estava presa a um só lugar. Podia carregar a sua cultura consigo, enriquecendo o novo mundo onde agora vivia. E Carolina entendeu que a cidadania não se limitava a fronteiras, mas era feita de pontes entre os povos. A comida, as histórias e os gestos de acolhimento tornavam-se laços que aproximavam realidades distantes.

Omar e Carolina tornaram-se amigos inseparáveis, e através deles, muitas outras ligações se formaram na sociedade local. O bairro onde viviam começou a mudar, transformando-se num espaço de encontros, trocas e novas oportunidades. Pequenos cafés começaram a servir pratos de diferentes países, as crianças aprendiam palavras em novas línguas e os vizinhos passaram a ajudar-se mutuamente, criando uma comunidade unida pela diversidade.

Assim, num pequeno canto de Lisboa, entre pratos sírios e portugueses, entre palavras misturadas em diferentes línguas, a interculturalidade deixou de ser um conceito abstrato e tornou-se uma realidade viva. Porque, no fim, não há um “nós” e um “eles”, apenas pessoas que aprendem e crescem juntas, construindo um mundo onde todos podem encontrar o seu lugar.

 

Texto Leonor:

A cidadania e interculturalidade

Era uma vez um planeta chamado Terra, onde as pessoas tinham a missão de conviverem sem causar problemas por coisas sem importância. Parecia simples, mas bastava alguém pôr o lixo fora do sítio que era motivo de discussão.

Se havia algo que as pessoas dominavam, era o talento para transformar pequenas diferenças em grandes conflitos.

Numa aldeia existia um bairro, onde habitavam pessoas de diferentes culturas. Numa casa morava a D. Maria e o Sr. Manuel, que cozinhavam um “cozido à portuguesa” que fazia qualquer um esquecer a dieta. Noutra vivia a Eleonora e o Henrico, que preparavam uma pizza, de comer e chorar por mais. Mais abaixo, habitava o Felipe e a Júlia, que faziam uns pães de queijo deliciosos, com um toque especial da sua receita secreta. Mais acima, vivia o Sr. Aiko com a sua filha Aya, que fazia um sushi até que apetitoso.

Apesar das suas diferenças culturais, todos se davam bem, trocavam cumprimentos na rua sempre que se cruzavam e ajudavam sempre que precisavam.

Até que um dia surgiu a ideia de criarem um festival intercultural. E todos concordaram com a brilhante ideia. Entretanto chegou o grande dia: O festival intercultural da gastronomia, do bairro da aldeia!

O recinto do bairro foi decorado com luzes e mesas cheias de cores e aromas. Cada família trouxe um prato típico do seu país. O evento prometia ser memorável!

No entanto, como boas pessoas que eram, tudo descambou rapidamente. O Joãozinho, sendo um grande traquinas, quis fazer das suas e decidiu ‘melhorar’ os pratos com piri-piri extra-forte. Deu um toque especial ao cozido da dona Maria, ao sushi do senhor Aiko e até o pão de queijo do Felipe não escapou a esta brincadeira. Só escapou o prato da sua família. Porque terá sido?

O Sr. Manuel bebeu três litros de saquê de uma só vez, a Eleonora começou a transpirar como se estivesse numa sauna e o Sr. Aiko ficou tão surpreendido que achou que o seu sushi tinha ganho vida própria. Até o gato da D. Maria, que se atreveu a lamber um bocadinho do molho, fugiu a correr para o telhado!

Apesar de tudo o que aconteceu, a noite foi um sucesso! Os vizinhos riram, partilharam histórias dos seus países, das suas culturas, e perceberam que não interessava de onde vinham mas sim o que os unia, que era a comida e a alegria de estarem todos juntos.

Bem, pelo menos agora sabemos que o piri-piri aproxima as pessoas... ou pelo menos faz com que se beba muito saquê! — brincou o Sr. Aiko, fazendo com que todos se rissem.

O festival tornou-se uma tradição anual, e a partir daí, as pessoas passaram a valorizar ainda mais as diferenças culturais. Aprenderam que a interculturalidade não é apenas sobre tolerar o outro, mas também sobre experimentar, partilhar e rir dos imprevistos. Assim como, a cidadania intercultural é um prato que se deve servir com respeito, curiosidade e, se possível, sem piri-piri a mais!

 

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