Jardineiro de profissão, Álvaro Valente, baionense natural de Ancede, encontra na música uma paixão, que começou a despertar desde novo e até hoje o acompanha.
“Não tive oportunidade de fazer parte de um grupo, mas desde sempre gostei de cantar”, começou por contar ao jornal “O Comércio de Baião”.
Álvaro cantava em brincadeiras de família e aos 13 anos adquiriu um órgão. “Ainda tentei aprender música, mas depois achei que era muito difícil e desisti”, confessando que tirava as músicas por ouvido.
A primeira oportunidade para se estrear fora do contexto familiar aconteceu em 2003/2004, quando foi convidado para integrar um duo, com um também artista de Ancede.
“Surgiu a oportunidade de integrar um duo, chamado de Banda Light, e a estreia foi na Quinta de Pinheiro, em Valadares, a tocar para um casamento”, conta, revelando que “se sentia muito acanhado”. “Não era como tocar em família, porque não era normal ter tanta gente a ver-me. Na família era uma coisa, ali era mais difícil. Mas começou a correr bem e continuamos o duo, que fez um sucesso”, acrescentou.

Durante os anos que Álvaro Valente integrou o duo, a banda não parava e chegava a ter contratos de um ano para o outro.
A música de baile é a que se destaca no reportório do cantor de Ancede, que admite que “sempre gostou de música de baile e é aquela que as pessoas gostam”.
“Nas festas e romarias de verão toda a gente quer música de baile para poder dançar”, observou.
Álvaro Valente é jardineiro na Câmara de Baião há 29 anos. Uma atividade que nunca descorou, apesar do gosto pela música.
Ainda com a Banda Light a fazer furor, Álvaro foi convidado para integrar o staff da Banda Sirilanca, de Cinfães. Era motorista e fazia parte da montagem do grupo.

“Neste momento dou valor ao staff, porque também fiz essa parte. Se uma coisa do staff falhar não vale ser só um grande artista”, salientou, contando que “o dono dessa banda o convidou, depois, para fazer parte de uma outra banda dele, que era de música de baile. Continuava com o duo, fazia o staff e parte dessa banda, que se chamava SLK”.
Homem de vários ofícios e com boa voz para cantar, Álvaro decidiu, em 2010, “dar um passo ainda maior”.
“Formei uma banda com um grupo de amigos chamada a Banda EDECNA, que é a palavra Ancede ao contrário. Fizemos o ano de 2011 com bastantes festas e, em 2012, por saída de alguns elementos, resolvemos parar e perguntar: será que vale a pena?”.

Depois de chegar à conclusão que seria melhor ter alguém a gerir a banda, Álvaro integrou, com a vocalista da Banda EDECNA, a Diana, uma outra banda.
“Foram mais quatro ou cinco anos. Depois com a pandemia ficámos mais parados e agora estou noutra, a Banda Projeto, de Resende. Fui convidado, é um grupo de jovens, mas precisavam de alguém com mais pulso. Estou eu e um professor da academia de Resende e estamos a tentar que tenha sucesso”, frisou.
Para além da jardinagem e da música, Álvaro Valente é sócio de uma empresa de animações para crianças.
Questionado sobre como consegue aliar tudo, o cantor disse que “quando se fazem as coisas com gosto, tudo se consegue”.
“Quando comecei no mundo da música alguém me dizia assim: antes quero bons homens do que bons músicos e aquilo não me cabia na ideia. Agora chego à conclusão que se tivermos bons homens, de palavra, conseguimos tudo e fazer tudo”, asseverou.

Para Álvaro Valente a música e a jardinagem proporcionam-lhe momentos de “grande prazer”. “Às vezes chego a terras que ninguém dança, mas se vejo um par ou dois a dançar digo que já valeu a pena. Na jardinagem também é bom ver um jardim crescer”, vincou.
O futuro do artista de Ancede passa agora pela Banda Projeto. “O que não quer dizer que, um dia, poderei ficar cansado ou se houver outra proposta para outra banda, mude. O futuro na área da música é complicado e difícil de prever. É um dia de cada vez. É tipo ovo kinder, é sempre uma surpresa”, revelou.