“Não tenho um caderno de encargos. É estar com as pessoas, ir ouvindo e caminhando”, são estas as palavras que o padre Mário João, novo pároco de Campelo, Ovil, Grilo e Loivos do Monte, partilhou com o jornal “O Comércio de Baião”.
E continuou:
“Se vou fazer tudo acertado? Não vou, mas conto com as pessoas para me irem orientando, iluminando, corrigindo e acompanhando nesse caminho”.
Numa entrevista ao nosso jornal, o padre Mário João falou do passado e do caminho que quer fazer no futuro, junto com os paroquianos de Baião.
Ordenado padre no ano 2000, Mário João Soares esteve sete anos no Seminário do Bom Pastor, em Ermesinde. Foi depois nomeado pároco de Rebordosa em 2006, em 2011, acumulou com Baltar e em 2012, recebeu também Gandra, no concelho de Paredes.
Partiu, em 2019, em missão para Moçambique, tudo começou num Simpósio do Clero em Fátima um ano antes.
“Em 2018, estive em Fátima, num simpósio, e um padre, a propósito das missões, perguntava a um colega o que ele precisa para as missões e ele respondeu-lhe: “bom, bom era um ano da tua vida”. Foi ali que se deu o click”, contou.
Questionado sobre o que o moveu a ir em missão, o padre Mário João confessou:
“às vezes andamos à procura de algo que verdadeiramente nos entusiasme. No livro do Apocalipse há uma passagem que diz: tens feito tudo direitinho, mas só tem contra ti que perdeste o primeiro amor. E às vezes é preciso desinstalarmo-nos para voltarmos a esse primeiro amor”.
A autorização do Bispo do Porto, D. Manuel Linda, “foi difícil”, revelou o padre Mário, que no primeiro ano manteve-se pároco de Rebordosa e Baltar.
“Concedida a autorização do Bispo, os Espiritanos propuseram ir para a Missão de Itoculo, na Diocese de Nacala, no norte de Moçambique. Vivi lá com dois padres Espiritanos e duas leigas, uma da Diocese do Porto e outra da Diocese de Braga”, salientou, dizendo:
“É uma realidade diferente, totalmente diferente, mas o entusiasmo é o mesmo. A procura de encontrar este Cristo e que faz todo o sentido nas nossas vidas”.
E por lá viveu quatro anos, três anos e meio com os Espiritanos, na Missão de Itoculo e seis meses com dois padres moçambicanos na Missão de Mueria.

O padre Mário João regressou da missão e foi nomeado pároco das quatro paróquias do concelho de Baião. Questionado sobre a sua integração, o pároco confessou, entre risos, que tem sido “com muito frio”.
“Quem ainda tem o termóstato moçambicano, não é fácil a adaptação”, frisou, acrescentando:
“tem uma coisa boa, tem o padre Francisco. Nós somos quase colegas de curso e é com quem vou viver e partilhar a vida. É motivo de alegria. Agora vamos fazer caminho. É uma Vigararia pequena, com quatro párocos, mais dois padres a ajudar, o padre Quim e o padre Castro, e ainda o diácono Joaquim. Isso é muito bom, fazemos uma boa equipa”.
O novo pároco admite que
“Baião é uma realidade totalmente diferente”. “Fui pároco em paróquias de cidades com muitos paroquianos, mas o importante é estar com as pessoas. Foi algo que aprendi em Moçambique. O importante é estar com as pessoas e estar com as pessoas onde elas estão, independentemente de quantas são”.
O trabalho nas paróquias já começou e o padre Mário João realizou, na terça-feira, dia 19, visitas a 11 casas de pessoas doentes na Paróquia do Grilo.
“Foi uma aventura. Visitámos 11 casas, cheguei ao fim do dia mais morto do que vivo. Cansado, mas muito feliz”, revelou.
A finalizar, o padre Mário João deixou uma mensagem para os paroquianos, principalmente aqueles que estão longe de Baião:
“nós andamos num mundo de muita correria e certamente eles emigraram à procura de melhores condições de vida. Acredito que não é fácil deixar a sua terra e ir à procura, mas nós cristãos é mais fácil, porque temos uma certeza: onde estamos podemos sempre ser felizes, porque onde estamos temos sempre um Deus que nos acompanha, que nos dá força. E cada dia nos diz que este dia de hoje vai ser melhor que o dia de ontem. O importante é nós cristãos sabermos que a felicidade passa, não só por eu estar bem, por ter tudo, mas por eu cuidar à minha volta e fazer bem e felizes quem está à minha volta, porque a minha felicidade e a felicidade deles vão contagiar outros e o mundo precisa tanto disso. O nosso Deus precisa muito de nós e precisa de nós porque quer precisar de nós para ajuda este mundo a ser um bocadinho mais feliz. Ele está disposto a ajudar, mas temos de fazer a nossa parte. Nas Bodas de Caná, Jesus fez um milagre, mas antes Maria disse aos serventes: “fazei tudo o que Ele vos mandar”. Às vezes o que Deus nos pede parece um bocadinho absurdo, não tem muito sentido, não se percebe, mas se fizermos a alegria é garantida: a nossa e daqueles que estão à nossa volta”.