ANABELA CARDOSO AFASTA-SE DA VIDA POLÍTICA AO FIM DE DUAS DÉCADAS

Ao fim de três mandatos, Anabela Cardoso, vereadora da Educação e Ensino Superior, Formação, Qualificação e Emprego, Cultura e Património Cultural, Turismo, Modernização Administrativa e Sistemas de Informação, da Câmara Municipal de Baião, durante 12 anos, despede-se agora da vida política com um percurso marcado pelo empenho, proximidade com a população e apostas nas áreas da educação, cultura e turismo.

Natural de Santa Cruz do Douro, Anabela Cardoso iniciou o seu percurso profissional ainda antes de completar a maioridade, como voluntária na Fundação Eça de Queiroz “Foi lá que dei os primeiros passos na vida ativa” e acrescenta “Mais tarde acabei mesmo por ser contratada pela instituição”.

A experiência no mundo do trabalho incentivou Anabela a voltar à formação escolar “Fui estudar porque percebi que me fazia falta”. Acabou o ensino secundário em regime noturno, mais tarde licenciou-se em Gestão de Recursos Humanos, no ISMAI e posteriormente fez uma pós-graduação em Gestão para Agentes de Desenvolvimento Local, na Universidade Católica.

Desde jovem que está ligada ao associativismo e à vida política “Com 16 anos já era dirigente associativa”. Anabela conta que sempre teve ligações à vida política, principalmente por influência do seu pai “Passava a vida com ele nas atividades das associações e nas campanhas políticas. O meu Pai esteve sempre envolvido no associativismo, na vida política”.

Inicialmente foi membro da Juventude Socialista (JS) do Concelho e mais tarde passou a integrar o Partido Socialista (PS) “Fui convidada a integrar a lista à Junta de Freguesia de Santa Cruz do Douro e fui eleita Secretária”, posteriormente, em 2013, foi eleita para a Câmara Municipal de Baião “Durante dois anos não assumi nenhum pelouro”, cenário que se veio a alterar em 2015, quando teve que assumir vários pelouros municipais.

Durante estes 12 anos de atividade política, Anabela Cardoso desenvolveu várias iniciativas, entre as quais destaca as transformações dos equipamentos culturais “A requalificação do Mosteiro de Ancede, da biblioteca e do auditório municipal, que são três espaços muito importantes para dinamização cultural”.

Relativamente à educação, destaca como essencial o Orçamento Participativo para as Escolas, a implementação de atividades lúdico pedagógicas para o pré-escolar e o apoio alargado às famílias durante as férias escolares. Anabela sublinha ainda a inauguração a 2 de julho do Centro Tecnológico que permite aos alunos do Concelho o acesso a tecnologias avançadas.

Um outro marco relevante foi a certificação atribuída a Baião como destino turístico sustentável, um processo que assumiu “Um trabalho exigente, que envolveu vários serviços e uma aposta séria na qualidade”. A vereadora confirma que esta certificação exerceu um impacto real na visibilidade do concelho.

Quanto interrogada acerca dos maiores desafios que enfrentou nestes 3 mandatos, a vereadora não hesita “A burocracia é uma grande dor de cabeça, principalmente em uma autarquia, temos vontade de agir rapidamente, mas os procedimentos legais e administrativos tornam tudo mais lento”.

Na área da educação Anabela também identificou várias dificuldades “todos os dias há desafios, principalmente nas escolas, houve momentos em que tivemos vinte pessoas de baixa”. Ainda assim, destaca a capacidade de resposta e adaptação das equipas “Tive a sorte de trabalhar com boas equipas”.

Questionada sobre o que considera ser a sua maior conquista enquanto vereadora, Anabela responde com humildade “Talvez tenha sido que nos pelouros que assumi houve alguma uma evolução” e completa “Conseguimos pôr em prática vários projetos e responder com as expectativas da população”.

A vereadora descreve a sua relação com a comunidade como próxima e baseada na confiança “Nunca vamos conseguir agradar a todos, mas saio com consciência tranquila, pois dei sempre o meu melhor” e acrescenta “tentei sempre responder aqueles que eram os anseios da população”.

Após 12 anos ao serviço do município, Anabela decidiu não integrar uma nova lista “Já há quatro anos tinha ponderado sair. Permaneci porque haviam projetos que queria acompanhar até ao fim, como a biblioteca e o Mosteiro”. Foi um ciclo que se encerrou “naturalmente”, confessa.

Um ponto que também enfatizou ao longo da entrevista, é a evolução e mudança da administração local “A Câmara de hoje é muito diferente da que encontrei em 2013”. Uma mudança que destaca é a descentralização de competências que trouxe para o município, novos desafios e novas exigências “A evolução é contínua”, afirma.

Com visão no futuro, a vereadora salienta algumas preocupações, principalmente relacionadas com as camadas mais jovens da população “Temos que continuar a atrair os jovens, e isso implica boas escolas, bons transportes e oportunidades de emprego”. Anabela aponta o investimento municipal como uma mais-valia para as famílias “Temos o IMI no valor mínimo permitido por lei, apoios sociais e escolas bem equipadas. As pessoas às vezes não se apercebem da diferença que isso faz”.

O concelho conta já com 84 alunos estrangeiros de 18 nacionalidades diferentes. Esta crescente diversificação étnica e cultural “representa um desafio, mas também uma oportunidade de enriquecimento coletivo. As escolas têm sabido integrar essas crianças e a comunidade tem acolhido com abertura”, conta.

Com o fim do seu cargo como vereadora, Anabela Cardoso vai regressar a tempo inteiro à Fundação Eça de Queiroz “É um regresso natural, é a minha casa profissional e há muito trabalho a fazer”. Mantém-se ligada ao Partido Socialista, através da Comissão Política Concelhia, e continuará a colaborar com o partido, embora com menos intensidade.

Questionada sobre o futuro dos pelouros que assume, Anabela manifestou confiança nas futuras equipas “Estão preparados e quem vier a seguir encontrará bases sólidas”. Considera que as pessoas, os projetos e as estruturas garantem a continuidade.

Anabela deixa uma mensagem clara aos jovens baionenses “Envolvam-se, a política faz-se em muitos espaços, desde uma associação à assembleia de freguesia”. Destaca também que “nunca senti qualquer obstáculo por ser mulher e considero que Baião é um Concelho inclusivo e aberto à participação”.

“Foram anos desafiantes e gratificantes. Tive a oportunidade de trabalhar com pessoas fantásticas, de fazer boas amizades e de ver nascer e crescer muitos projetos. Saio com a consciência tranquila e a sensação de missão cumprida”, conclui a vereadora.

Baião e os baionenses agradecem todo o serviço desempenhado em prol do município.