Helena Pinto tem 51 anos, nasceu em Campelo, no concelho de Baião, e dedica parte do seu tempo a apoiar pessoas sem abrigo no centro da cidade do Porto.
Através do grupo denominado por CISA – Caridade a Irmãos Sem Abrigo, uma equipa de 23 pessoas percorre todo o centro do Porto e o Bairro da Pasteleira, levando comida e bens essenciais.
“Fazemos isto, porque sabemos que a fome mata, a fome é ocasionada pela falta de alimentos necessários para suprir as necessidades do organismo em manter as funções vitais”, salientou Helena Pinto, enumerando alimentos que levam aos sem abrigo, como latas de salsichas, atum, sardinha, pacotes de bolachas, leite achocolatado, sumos, água, frutas, entre outros.

A sopa não falta na ementa do CISA, que é confecionada e segue numa panela isotérmica robusta para conservar a mesma temperatura.
“Além de todos estes produtos alimentares, também levamos roupas de agasalho e outras, levamos kits de higiene constituídos por uma pasta de dentes, sabonetes neutros, escova de dentes, cuecas e um par de meias”, contou a baionense, confessando: “pretendíamos levar muito mais, mas somos um grupo que também tem vida, mas mesmo assim disponibilizamos tempo para acalentarmos a mente e o coração de cada um”.
Helena Pinto viveu até aos 25 anos em Ancede, onde ainda tem os pais, e é, atualmente, técnica na Câmara Municipal de Valongo.
“Saí da terra que me viu crescer por razões pessoais e profissionais, mas, sempre visito Ancede, quando posso, até que ainda tenho os meus ricos pais neste planeta azul”, contou Helena ao jornal “O Comércio de Baião”.

Aos 36 anos conheceu uma filosofia de vida “muito interessante” em que a fez evoluir como ser humano e espiritualmente.
“Essa filosofia distingue-se da mitologia e da religião por sua ênfase em argumentos racionais. Por outro lado, diferencia-se das pesquisas científicas por, geralmente, não recorrer a procedimentos empíricos nas suas investigações. Com a filosofia espírita, o homem pode reaprender a ver o mundo que o cerca e ir além, entendendo também o mundo invisível”, relata.
Helena tem esperança de uma sociedade mais justa, tolerante e inimiga das desigualdades e foi, desta forma de pensar, que surgiu a ideia de formar um grupo de pessoas, que também comungam da mesma ideologia e sempre disponíveis na ajuda.

No trabalho que fazem com as pessoas sem abrigo, Helena confessa que “têm observado coisas que antes, nem lhes passava pela cabeça”. “Os relatos deles relativamente à situação em que se encontram é mesmo falta de amor”, vincou, acrescentando: “ajudar todos aqueles que precisam é simplesmente amar. Sem troca. Sem intenção. É olhar para o interior, é querer contribuir e ver tudo melhorar. De que adianta guardar se nós podemos e temos amor para dar? De que adianta esperar se nós podemos e devemos compartilhar?”.
A finalizar, Helena Pinto deixou um convite: “em meu nome e em nome da equipa CISA todos os baionenses estão convidados para comungarem deste amor e caso pretendam um dia disponibilizar de umas horas da vossa vida para visitar estas criaturas sofridas, estamos ao dispor de vos abrir as nossas portas e eles com certeza que agradecerão. Qualquer pessoa pode ajudar o próximo”.
