2025/01/04
A Fundação Eça de Queiroz, situada em Santa Cruz do Douro, está, durante este fim de semana, a homenagear o escritor de “Os Maias”, antecipando a cerimónia de concessão de honras de Panteão Nacional ao escritor, que irá decorrer na próxima quarta-feira, em Lisboa.
Hoje, dia 4 de janeiro, a programação contou com diversas atividades, das quais realçamos a exposição de documentos da carreira diplomática de Eça de Queiroz, cedida temporariamente pelo Arquivo Diplomático do Ministério dos Negócios Estrangeiros; uma oficina de escrita de ficção a partir da obra queirosiana pela escritora Filipa Melo; o anúncio dos vencedores das bolsas de Residência Literária (lista que pode conferir no nosso site); um jantar-tertúlia com o escritor Mário Cláudio; e visitadas guiadas, numa das quais participou Dalila Rodrigues, ministra da Cultura, que esteve em Tormes para prestar homenagem a Eça de Queiroz e atribuir um apoio de 75 mil euros à fundação de modo a “assegurar projetos futuros”, em nome do Ministério da Cultura.
Durante os discursos, Afonso Reis Cabral, presidente da Fundação Eça de Queiroz, lembrou Maria da Graça, fundadora da referida instituição de Tormes, agradeceu aos funcionários e parceiros que contribuem para o funcionamento da fundação, a todos “os que se empenharam nesta homenagem ao escritor” e, em especial, a maioria dos descendentes de Eça de Queiroz que “nunca vacilaram e sempre reconheceram que o escritor, mais do que pertencente a uma família, é de todos os portugueses”.
Fez ainda referência e concordou com Rui Veloso que “quando Eusébio recebeu Honras de Panteão Nacional, se vestiu de branco e respondeu aos jornalistas que a cerimônia da trasladação não era um momento fúnebre e triste, mas sim uma festa”, para justificar que a trasladação de Eça de Queiroz, trata-se “da festa de um povo que pode homenagear e agradecer ao escritor”.
Pedro Delgado Alves, deputado e membro do grupo de trabalho para as Honras de Panteão, agradeceu à Fundação de Tormes pela forma como sempre lidou com “seriedade” a questão da trasladação e referiu que “Eça de Queiroz é que vai enriquecer o Panteão Nacional e não o contrário”. “O Panteão apenas reconhece o mérito do escritor e não há qualquer dúvida que o Eça de Queiroz é merecedor das Honras de Panteão”, vincou.
Paulo Pereira, presidente da Câmara Municipal de Baião, deixou fortes elogios a Eça de Queiroz e às suas obras, que até hoje trazem consequências positivas ao concelho de Baião. Galvanizou também todo o trabalho que é feito na Fundação de Tormes e abordou o tema da trasladação. “A decisão da Fundação Eça de Queiroz aceitar a proposta de trasladar os restos mortais do escritor para o Panteão Nacional é um assunto privado e, independentemente de uma ou outra opinião divergente, que quando leal, genuína e honesta se pode e deve compreender, enquanto presidente da câmara e, com a responsabilidade inerente que tal cargo encerra, cabe-me respeitar essa vontade e colaborar para que o simbolismo da cerimónia honre o escritor, fundamentalmente, mas honre, naturalmente, a Fundação Eça de Queiroz e honre Baião”, disse.
Dalila Rodrigues, ministra da Cultura, destacou a importância de homenagear o escritor. “Faz todo o sentido fazer da trasladação dos restos mortais do Eça de Queiroz para o Panteão Nacional, uma homenagem ao escritor e à sua memória nesta ilustre Casa de Tormes”, referiu.
Estiveram presentes na cerimônia, que encerrou com um ‘Tormes de Honra’, a ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, o presidente da Fundação Eça de Queiroz, Afonso Reis Cabral, o presidente da Câmara Municipal de Baião, Paulo Pereira, o presidente da Assembleia Municipal, Armando Fonseca, a diretora da fundação e vereadora da cultura Anabela Cardoso, o administrador da Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Duarte Azinheira, o deputado do partido socialista e baionense, José Luís Carneiro, o deputado e membro do grupo de trabalho para as Honras de Panteão, Pedro Delgado Alves, entre diversas outras personalidades do concelho de Baião e do país.
Amanhã, a urna contendo os restos mortais de Eça de Queiroz estará em câmara-ardente no átrio principal da Casa de Tormes, onde os visitantes poderão prestar homenagem.
Durante a tarde, irá acontecer a manifestação “de indignação” do Movimento de Cidadãos Baionenses contra a trasladação do escritor, junto à entrada para Tormes.
Como já foi referido, os restos mortais de Eça de Queiroz, falecido há 124 anos, vão ser trasladados para o Panteão Nacional por decisão tomada no Parlamento, após a sugestão de José Luís Carneiro e depois de resolvida a contenda judicial com os familiares do escritor que nem sempre foram a favor.