José Dias é o treinador da equipa feminina do Grupo Desportivo e Recreativo de Soalhães que, no dia 3 de novembro, defrontou o Futebol Clube do Porto no Campo Pedro de Vasconcelos, a casa da formação Marcoense.
Tornou-se no primeiro treinador baionense a defrontar uma equipa sénior do FC Porto, estatística que “vale o que vale”, mas que para o treinador será sempre “um motivo de orgulho, pois, não é todos os dias que se joga com equipas grandes do panorama nacional”.
Apaixonado por futebol desde pequeno, José Dias, contou ao jornal “O Comércio de Baião” que “sempre gostou de futebol” e deu os primeiros toques na bola na Associação Desportiva de Ancede. Ser treinador “sempre foi um sonho que com o tempo se tornou realidade” e ainda sem formação, começou por ser treinador na própria AD Ancede, foi treinador principal de uma equipa das camadas jovens e adjunto da equipa sénior. Mais tarde, recebeu um convite da Associação Desportiva de Baião, equipa onde, em diferentes épocas, comandou os iniciados, os juniores e ainda a equipa ‘B’. Foram anos que José Dias destaca como “positivos” e que foram brindados com uma subida inédita da equipa ‘B’, na terceira época de Baião ao peito. Em 2016, José Dias recebeu um telefonema do UD Lagoas, equipa que o fez trocar o futebol masculino pelo feminino ao convidar para comandar as equipas femininas juniores e seniores do clube. Desde então já foi treinador das equipas femininas da AD Lousada, do USC Paredes, do Rio Mau FC e, na época atual, do GDR Soalhães. Pelo meio aproveitou para fazer o curso de treinador UEFA C. “O projeto do GDR Soalhães partiu de mim e do meu amigo e adjunto, Manuel Capela. Apresentamos o projeto à direção que prontamente o aceitou, pois, a criação de uma equipa feminina, era também um dos seus objetivos”, revelou acrescentado que “é um projeto que tem tudo para crescer e que irá ser consolidado a longo prazo”.
Questionado sobre o porquê de apresentar o projeto a uma equipa de Marco de Canaveses e não às de Baião, José Dias, revela que apresentou vários projetos para a criação desse escalão na AD Baião e na AD Ancede, mas “sem sucesso”. Afirma que “o nosso concelho tem tudo para ter uma equipa sénior de futebol feminino capaz de crescer até ao nível dos grandes, mas a recente aposta feita em Baião já peca por tardia”.
A época 2024/2025 não começou da melhor maneira e a sua equipa ainda não conseguiu vencer, ainda assim, José Dias salienta que o importante e o que lhe é pedido este ano “é formar uma equipa de mulheres para o futuro que se divirta a praticar desporto” quesito onde o treinador se sente satisfeito. “As minhas atletas estão com tudo no projeto e o objetivo delas é crescer. Ficam tristes quando o resultado não é o melhor, mas no treino seguinte dedicam-se ainda mais”, contou.
JOGO TERMINOU COM UM RESULTADO EXPRESSIVO DE 28-0 A FAVOR DAS AZUIS E BRANCAS
Sobre o jogo com o FC Porto, que terminou com um resultado expressivo de 28-0 favorável às azuis e brancas, José Dias, já previa muitas dificuldades na antevisão ao jogo. “É um jogo difícil onde enfrentamos um FC Porto com um orçamento muito superior ao GDR Soalhães e que foi buscar jogadoras à primeira e segunda liga enquanto algumas das minhas atletas estão a dar os primeiros toques na bola, umas nunca tinham jogado e outras vêm do futsal”, acrescentou. Ainda assim garantiu que a equipa estava com vontade de aprender, pois, para o mister “é nos grandes desafios que se aprende”.
Precisamente do futsal, chegaram várias atletas que nas épocas passadas jogavam no concelho de Baião, mais concretamente, na Associação Cultural e Recreativa do Gove e na AD Ancede. É o caso de Beatriz Ribeiro, Lara Filipa, Matilde Cardoso, Elsa Ferreira e Joana Teixeira que representavam a ACR Gove e de Maria Ferreira ex-atleta da AD Ancede. Para José Dias “todas elas se têm adaptado bem na transição para o futebol” e se “continuarem a trabalhar com muita vontade e dedicação” vê nelas “grandes atletas e com grandes sucessos no futuro”.
O jornal “O Comércio de Baião” esteve à conversa com Beatriz Ribeiro e Maria Ferreira, uma ex-representante de cada associação do concelho de Baião.
Beatriz Ribeiro
Maria Ferreira
Sobre a ACR Gove, Beatriz Ribeiro conta que dado à inexistência, em Baião, de clubes com futebol/ futsal feminino, o projeto da ACR Gove “foi uma iniciativa bastante interessante e que, mais tarde, incentivou também a AD Ancede a formar uma equipa feminina”. “Acabou por ser uma boa preparação para que muitas jogadoras, depois de duas épocas a competir, avançassem com os seus objetivos e continuassem a evoluir noutras equipas”, concluiu.
A jovem de 17 anos revela que a sua transição do futsal para o futebol foi “uma questão de adaptação”, mas nos primeiros treinos sentiu “muitas dificuldades o que levou a pensamentos negativos e de desistência”, isto porque, para si “a realidade é que há imensas diferenças entre jogar futsal e futebol, daí toda a frustração quando percebi que não estava a dar aquilo que podia à equipa. Tive que me habituar, entre outros aspetos, a uma nova forma de jogar, ao relvado, à dimensão do campo e até mesmo às chuteiras”, explicou mencionando ainda a adaptação à equipa. “É algo que também não tem ajudado visto que chegamos de clubes diferentes, temos personalidades diferentes e ainda nos estamos a conhecer umas às outras tanto fora como dentro do campo”, completou. Sobre o jogo com o FC Porto, Beatriz salientou que “o FC Porto tem o objetivo de subir e jogadoras de imensa qualidade” e o GDR Soalhães ainda “não tem todas as jogadoras disponíveis”, contudo, “a equipa treinou para que o resultado fosse o mais justo possível” e, independentemente do placar, “a equipa deu tudo dentro de campo para mostrar que não desiste embora os resultados sejam negativos”.
Maria Ferreira, jogadora que representou o futsal da AD Ancede, é uma das atletas que não esteve disponível para o jogo com o FC Porto. Descreveu o projeto da AD Ancede como “minimamente organizado” e ressalta a maneira “como acolhiam todos da melhor forma”. Apesar das diferenças entre futebol e futsal, a atleta de 16 anos, tem gostado e esta a “adaptar-se bem”, no entanto, ao contrário de Beatriz Ribeiro que “dependendo de vários fatores” almeja jogar em divisões superiores, Maria Ferreira revela que joga “porque gosta do desporto e quer evoluir fisicamente”.
O GDR Soalhães compete na III Divisão Nacional de Futebol Feminino e ocupa a sexta e última colocação do Grupo E que é, sem surpresas, liderado pelo FC Porto. Na próxima jornada volta a jogar em casa, desta vez, contra o Sporting Clube da Cruz, penúltimo colocado. No dia 22 de dezembro tem viagem marcada até ao Centro de Treinos e Formação Desportiva Porto-Gaia para, novamente, medir forças com o FC Porto na procura por um resultado “mais positivo”.