João Pereira e Rúben Correia foram os melhores alunos da Escola Secundária de Baião, no ano letivo que terminou, e conseguiram concretizar o sonho de entrar no curso de medicina. Ambos foram colocados na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, o João com a média de 18.7 e o Rúben com 18.8.
Trabalho, dedicação e muita vontade de alcançar os objetivos propostos, os alunos contaram ao jornal “O Comércio de Baião” alguns segredos para o sucesso escolar e adiantaram algumas perspetivas de futuro. João Pereira tem 18 anos, reside em Campelo e Ovil, e desde muito novo que a área da saúde o atrai. “Desde pequeno que falo na área da saúde, pensei em ser veterinário, médico e até enfermeiro. Mas optei pela medicina, que me permite ter um impacto direto na vida das pessoas e é isso que eu quero”, disse.

João cresceu no seio de uma família humilde e, desde muito novo, sentiu que tinha de estudar para conseguir os seus objetivos. “Sempre procurei ser o herói para a minha família e para os meus amigos. Apliquei-me, consegui sempre tirar as melhores notas. Tive o apoio dos meus pais, mas tive de trabalhar para chegar a este nível”, salientou, acrescentando que “com o problema de saúde do Irmão, Francisco, sentiu que a responsabilidade era ainda maior”. O jovem foi sempre alunos de boas notas e confessou à nossa reportagem que “sempre exigiu tanto dele como dos outros, sobretudo dos professores”, que perceberam a vocação de João e o ajudaram no seu percurso. “Quem quer seguir o ensino superior, quer um curso como medicina tem de se aplicar desde cedo. Há disciplinas, como a matemática, que se o aluno não tiver as bases desde a primária não consegue depois acompanhar. Comecei a perceber desde cedo que tinha de trabalhar, tinha de levar a matéria sempre direitinha. A partir do secundário, comecei a estudar mais afincadamente”, frisou.

João Pereira encontrou nos pais o “principal pilar”, sobretudo, “a nível de proteção”. “Tive de ganhar uma maturidade que não estava à espera com o problema do Francisco. Os meus pais sempre me ensinaram o que deveria ou não fazer, a forma como devia lidar com as situações e da forma como devia processar o meu estudo”, contou.
Questionado sobre o futuro na medicina, João avançou que “quer deixar que o tempo lhe diga qual é a melhor opção a tomar no que diz respeito à especialidade”. “Porém”, continuou, “sou muito chegado às crianças e com o problema do meu irmão, gostava de me especializar numa área que se aproxime do problema de saúde que ele teve, ou seja, pediatria, para conciliar o problema do Francisco e das crianças, mas também a neurologia, que vai incidir em pessoas que necessitam”.
“Gostava que, daqui para a frente, as pessoas me conheçam pela melhor versão de mim. Quero deixar a minha marca em vida e vou exigir tanto de mim nos próximos anos como exigi até agora. Algo que me caracteriza é a constante vontade de exigir o melhor de mim próprio nos bons ou nos maus dias. Pretendo orgulhar a minha família e conquistar a empatia e a confiança dos pacientes nesta área bonita e que nos proporciona momentos únicos”, completou.
Para os alunos que agora vão iniciar o ensino secundário e os que já o frequentam, João Pereira deixa uma mensagem: “para os alunos que têm o sonho de seguir o ensino superior, seja em que curso for, porque o importante é sermos bons naquilo que fazemos, os que estão agora a chegar ao ensino secundário devem primeiro descobrir a sua vocação, trabalhar para terem a melhor média possível para depois terem oportunidade de escolha. Nunca deitar a tolha ao chão quando falhámos. Temos de utilizar as fraquezas como forças e conseguir dar a volta por cima”.
RÚBEN CORREIA QUER SER CIRURGIÃO PLÁSTICO

Rúben Correia tem também 18 anos, é do Gove, e a medicina é um sonho de pequenino. Oriundo de uma família humilde, mas ligada à saúde, dado que o irmão é enfermeiro e a irmã nutricionista, Rúben desde cedo definiu o que queria ser.
Completou o ensino básico na Escola Básica 2,3 de Eiriz e depois seguiu para a Secundária de Baião. O gosto pela cirurgia plástica surgiu quando frequentava o nono ano de escolaridade e, desde então, tem-se focado nesse objetivo. Sobre o segredo para os bons resultados no estudo, Rúben Correia disse ao jornal “O Comércio de Baião” que “não é preciso estudar muito. É preciso estudar bem. Ter rotinas, estudar todos os dias. É melhor estudar 20 minutos por dia do que passar o dia todo a estudar antes do teste”. Rúben nunca estudou à noite e era raro estudar nas vésperas dos testes.
Apesar de metódico no estudo, Rúben diz que “há professores que ajudam, mas outros que dificultam a vida aos alunos. Existem disciplinas que não são tão importantes para o curso que os alunos querem seguir, mas os professores subcarregam na mesma os alunos com muitos trabalhos, tirando tempo às disciplinas que realmente são importantes”.
Com os dois irmãos ligados à área da saúde, Rúben diz que “sempre teve o bichinho da saúde”, apesar de se interessar por outras áreas.
Nos irmãos e nos pais encontra o apoio necessário para seguir o seu percurso e é a eles que recorre quando precisa de ajuda. Um apoio essencial para quem tem bem definido o percurso que quer seguir.
A cirurgia plástica será, agora, o próximo objetivo a conquistar. Rúben avançou à nossa reportagem que “se o exame de acesso à especialidade não lhe correr bem no primeiro ano, irá tentar no segundo”.
“Não vou desistir. Não me vejo dentro de um consultório fechado só a atender pacientes, quero algo mais prático”, confessou, explicando que o gosto pela cirurgia plástica surge aliado ao gosto pelo desenho. “Gosto muito de desenho. Tenho mesmo muito jeito e então acabo por conciliar as duas artes”, disse.
Para os alunos que vão agora começar o ensino secundário, Rúben Correia lembra que “o caminho às vezes é difícil”. “O décimo ano para mim foi um choque. Não tive as notas que desejava e tive de abrir um bocado os olhos. Comecei a estudar todos os dias, a fazer muitos exercícios fora da caixa, que é mais importante do que fazer resumos”, salientou, lembrando que obteve 19.8 no exame de matemática.