José Alves Nogueira de 74 anos nasceu em Furacasas, na freguesia de Gestaçô, mas cedo deixou a terra onde começou a dar os primeiros passos na manufatura de peças de arte.
Foi trabalhador em vários locais de Portugal e, aos 18 anos, emigrou. Regressou a Portugal e instalou-se na Póvoa de Santa Iria, em 1975, onde casou e ainda reside.
Foi porteiro numa fábrica e sempre teve jeito, vontade a gosto pelo artesanato, que começou a fazer, ainda em tenra idade, em Furacasas.
“O gosto pelo artesanato nasceu em criança, os primeiros objetivos foram feitos em casca de pinheiro, uns brinquedos. Daí desenvolvi outras ideias e sempre fiz peças, algumas exclusivas no país”, contou ao jornal “O Comércio de Baião” José Alves Nogueira.

As primeiras peças que saíram das mãos e das ideias do baionense eram inspiradas na agricultura, atividade de seus pais. Peças únicas e de uma perfeição invejável.
“Ainda hoje, quando me dá na cabeça, idealizo uma peça e tento colocar em prática”, contou, revelando que começou, recentemente, a trabalhar o ferro.
“Julgo estar no bom caminho. Dá-me gozo fazer estes trabalhos”, acrescentou.
Com um cavalo feito em ferro nas mãos, José Alves Nogueira tem alguns projetos em mente, que gosta de manter ocupada.
“Quando estou debruçado sobre um projeto qualquer, não coloco em causa ser ferro ou madeira, a minha ideia é concluir. Quanto mais dificuldade mais gozo me dá fazer”, confessou.

O artesão já fez centenas de peças ao longo da vida, arte que associou ao trabalho do dia a dia, mas nunca expões o seu trabalho “por falta de coragem”, embora já tenha sido desafiado a fazê-lo.
“Quero ser um artesão solitário e manter-me ocupado com as pequenas coisas que vou fazendo. Gosto que as pessoas valorizem as minhas ideias e que gostem do meu trabalho”, anotou José Alves Nogueira.
O artesão considera a Póvoa de Santa Iria sua segunda terra, mas “nunca virou costas ao concelho de Baião, à aldeia de Furacasas e aos seus amigos”.
Na terra onde trabalhou, casou e teve filhos, José teve dificuldades de se integrar no bairro onde residia, mas uma situação que podia ter acabado em tragédia deu a conhecer o baionense à comunidade.
“Um dia estava a fazer a minha mobília de cozinha, quando ouvi alguém a gritar a pedir uma machada e como estava a trabalhar com a machada fui ao encontro dessas pessoas. Quando cheguei estava uma criança dentro de uma casa no chão intoxicada com gás e com a machada abri a porta e salvei-lhe a vida”, contou.

Depois daquele episódio, José Nogueira começou a inteirar-se da história do bairro onde reside e resolveu criar um monumento que simboliza as tomadas de posições das suas gentes.
Um monumento que se encontra erigido no bairro, mas que, segundo o seu autor, nunca foi inaugurado.
“Tenho pena que o monumento continue a ser anónimo e sinto-me um pouco revoltado, porque se fosse um arquiteto tinha levado o seu dinheiro, e eu não levei dinheiro nenhum. Sinto mágoa por virarem as costas e não darem valor a quem fez tudo por nada”, confessou, não escondendo a mágoa que sente e vincando que “apenas pedia para colocar o nome do autor no monumento que está a valorizar o município”.