O presidente da Câmara Municipal de Mesão Frio, Paulo Silva, lamentou hoje a “falta de investimento” do Estado no concelho, “que há mais de uma década não investe um cêntimo em Mesão Frio”.
Paulo Silva falava na sessão de abertura do seminário “Desenvolvimento Sustentável e o Futuro dos Espaços Rurais”, que contou com a presença e intervenção da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
O autarca, que se diz “desalinhado com o poder”, salientou que “é difícil atrair pessoas para o concelho, trazer quem saiu em busca de trabalho ou quem foi estudar para fora”.
“Este executivo quer que Mesão Frio esteja no centro da discussão do que é o interior. Uma discussão série e integrada e daí a realização deste seminário”, sublinhou Paulo Silva, avançando que o concelho integra um projeto que visa um conjunto de desafios e iniciativas direcionadas para os territórios de interior, cuja apresentação será realizada no dia 26 de maio, no concelho.
O autarca lamentou, ainda, que “os fundos comunitários sejam distribuídos pelos grandes centros, deixando os territórios como Mesão Frio a assistirem de bancada”.
“Urge debloquear o IC26, que resolvia o problema de ligação entre Mesão Frio e Amarante”, elencou Paulo Silva, acrescentando: “o nosso hospital de referência está a uma hora do concelho e a nossa rede de transporte é fraca. Por isso, a câmara municipal tem de fazer um grande investimento na ação social, no apoio aos mais idosos. Investimento que poderia ser canalizado para outros projetos”.
Depois de aberto o seminário, que contou ainda com as intervenções de Helena Pina e Elsa Pacheco, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, seguiu-se a assinatura de um protocolo entre o Município de Mesão Frio e o Turismo de Portugal, através da Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego.
Seguiu-se o primeiro e segundo painéis e a intervenção da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, que exaltou o “enorme potencial” dos territórios do interior.
“São territórios com um enorme potencial e não devemos desistir deles. Acredito que não retomaremos a população que tínhamos, mas estes territórios recentram os investimentos”, disse.
Nesse sentido, a governante defendeu que “quem vem para a aldeia quer ter os serviços da cidade, o que traz aos territórios do interior outros desafios”.
Ana Abrunhosa frisou, ainda, que “se deve olhar para o território a partir do território”, considerando, por outro lado, que “é fácil de dizer, mas muito difícil de fazer”.
“A prioridade tem de ser em oferecer serviços públicos de qualidade, como o acesso à saúde”, concluiu.
O seminário foi promovido pelo Município de Mesão Frio e pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e abordou vários temas no âmbito dos espaços rurais e do seu desenvolvimento harmonioso e sustentável.
Os painéis de discussão foram muito diversificados e contaram com a participação de oradores vindos da Universidade do Porto, Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Évora e Universidade do Algarve e de várias outras instituições nacionais de relevo nas áreas do turismo, empreendedorismo, vitivinicultura, ambiente e outras de interesse pertinente para o concelho de Mesão Frio e para a região do Douro.