O padre Celestino Maurício Ali, é Moçambicano e foi ordenado no dia 20 de abril do corrente ano, na diocese de Nacala.
Perguntam certamente os leitores qual o motivo desta visita de um padre desconhecido a Baião. A resposta é simples, o padre Celestino conheceu o grupo de sete missionários de Baião, que partiram no dia 11 de abril, para aquele território Moçambicano, onde assistiram na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Mueria “à minha ordenação sacerdotal, porque o grupo “Baião Mueria” esteve lá, naquela semana, representado pelo Padre Mário, irmão Daniel, irmã Liliana, tantas outras irmãs da paróquia aqui de Baião”, explicou o clérigo.
Mas, a sua viagem a Portugal não foi com o propósito de vir a Baião, conforme confessou “Estou aqui, primeiramente, porque ao longo da minha caminhada formativa, percebi que Nossa Mãe Maria Santíssima acompanhou os meus passos. Então, consegui do sacerdócio, meios para chegar ao Santuário de Fátima. Depois foi juntar o útil ao agradável”.
Revelou que de Fátima entrou em contacto com o Padre Mário e que este lhe perguntou os dias em que estava livre e, foi dessa forma, que veio passar uns dias a Baião, de 31 de agosto a 3 de setembro.
“De facto, estamos a experimentar um momento ímpar de encontro de irmãos da mesma fé, mas, ao mesmo tempo, curioso, porque está a superar as minhas expectativas, aquilo que imaginava que seria a visita em Baião”, disse o Padre Celestino com um expressivo olhar de grande alegria.
Aqui em Baião visitou algumas Instituições, como a OBER, o Lar de São Bartolomeu da Santa Casa da Misericórdia de Baião, a CPCJ, a Fundação Eça de Queiroz, entre outras, que gostaria de ver implementadas em Moçambique, sublinhando, “mas como está aquele país é impossível, as diferenças daqui para lá são muito grandes. Levo algumas ideias, portanto, foi agradável visitá-las”.
A visita ao infantário da OBER também o sensibilizou muito, comparando com a realidade que se vive na sua terra “de facto, as crianças precisam dos cuidados das outras pessoas que se entregam para o bem dos outros. O diretor explicou como supera as capacidades económicas da instituição, podem fazer um projeto e pedem algum financiamento para avançar. Este é um dado também importante, porque sozinhos, é difícil avançar”.
No Lar da Santa Casa da Misericórdia, teve oportunidade de estar com as pessoas da terceira idade “ali também percebi o quanto é preciso fazer alguma coisa para o meu país. Apesar de que é difícil termos pessoas da terceira idade, porque, em média, ter 70 anos é uma bênção muito grande, não é coisa fácil”.
Também o modelo de funcionamento e o sistema de promoção e proteção das crianças e jovens em Portugal pela equipa da CPCJ, o impressionou bastante “porque no fim percebi que elas não ganham muito, mas estão a fazer alguma coisa pelo bem dos outros. Muitas crianças na minha terra estão à deriva. Faltam na escola, ninguém dá conta. Não vão ao hospital, ninguém dá conta. E se aqui há um grupo que se preocupa, chegar nas famílias para perceber a situação, isso me comoveu muito”.
Admitiu que gostou muito de conhecer Baião, elogiando a forma carinhosa como foi acolhido nesta terra, que o tocou muito, em seu entender as pessoas são muito hospitaleiras, mas ficou deslumbrado com as paisagens lindíssimas do Douro, numa viagem que fez com o Padre Mário a Nossa Senhora dos Remédios, em Lamego “na verdade, visitei muitos lugares que me impressionaram, mas a paisagem das vinhas, donde sai o bom vinho do Porto, aquela paisagem toda, é deslumbrante!”.
Também a forma de trabalhar a terra e o associativismo, o cativou “isso impulsiona o desenvolvimento do povo, e ajudou-me a perceber que eu também sou chamado na minha terra a fazer alguma coisa, mas não sozinho. E também aqui, onde cuidam das crianças. Pelo que, a minha visita, constituiu uma visita de aprendizagem, estou a aprender e pode ser-me difícil implementar algo, mas pelo menos já tenho ideia de como as coisas são feitas”.
Disse admirar as pessoas que se envolvem nos trabalhos coletivos, opinando que devem ser pessoas idóneas que estão para dar o melhor de si. Não tanto para encher o seu bolso, a sua barriga, mas olhar pelo bem daqueles que, de facto, precisam disso “falo porque tem havido oportunidades na minha terra, mas para chegar a ajuda àquela pessoa que necessita de facto, tem sido um problema muito difícil. Chegam as ajudas, mas não é fácil haver essa honestidade das pessoas envolvidas nas instituições sociais. Aprendi muito sobre isso, valeu bem a pena. E, como disse, esta minha vinda, não imaginava uma receção destas”.
“Ontem, (dia 2) aqui na igreja de Baião, tivemos uma missa de poucas pessoas, mas estive com as irmãs que conhecem a minha realidade e procuraram fazer a missa ao modelo africano, quando cantamos e dançamos, foi bonito, senti-me mais uma vez em casa”, confessou.
O padre Celestino disse que volta para o norte de Moçambique no dia 5, onde o espera a sua paróquia que fica muito próxima da província de Cabo Delgado “estamos num lugar terrível, onde há aquela situação de insurgentes, tendo uma das paróquias do meu distrito sido vítima de ataques, onde mataram uma irmã missionária”, contou o abade a concluir a nossa conversa.
O Jornal “O Comércio de Baião” deseja a este jovem pároco as maiores felicidades e que consiga implementar naquele território, algumas das experiências, que viveu de perto neste cantinho de Portugal.